sexta-feira, julho 25, 2008




ELES AINDA TÊM O


TOQUE INVISÍVEL



Colocar para rodar um dos três discos de When in Rome, DVD triplo que documenta o show de encerramento da turnê européia do Genesis, em 2007, desencadeou, para mim, a sensação de uma viagem no tempo. Mais precisamente para 3 de outubro de 2007, quando fui a Chicago assistir, pela primeira fez, um show de minha banda favorita. Por isso, estejam avisados, essa crítica é de um fã.

Em julho de 2007 o Genesis, reunido pela primeira vez após 15 anos em sua formação de maior sucesso comercial (Tony Banks, Phil Collins e Mike Rutherford, mais Daryl Stuermer e Chester Thompson) encerrou uma esgostada turnê européia tocando para 500 mil pessoas, no Circo Máximo, em Roma.

When in Rome captura essa performance completa e ainda acrescenta uma série de extras (há pelo menos um para cada música) e ainda um documentário (Come Rain Or Shine - Chuva ou Faça Sol) que escancara alguns dos momentos de intimidade da banda desde os ensaios.

O Genesis versão 2007 levou aos palcos da Europa, EUA e Canadá uma mistura de sucessos dos anos pop e da fase progressiva do grupo, com e sem Peter Gabriel à frente. O inevitável passar do tempo parece não ter afetado a musicalidade e o talento da banda. Embora tenha deixado marcas, como é de se esperar.

Algumas músicas são executadas pelo menos um tom abaixo das versões originais e até de algumas interpretações de outras turnês. Nada que que arranhe a reputação do quinteto, reconhecido como uma das melhores trupes de músicos do pop/rock em apresentações ao vivo.

Em linhas gerais, o Genesis talvez nunca tenha soado tão bem como banda em cima de um palco. Houve momentos de maior virtuosismo, no já distante tempo do rock progressivo, na década de 70. Também no início dos anos 80 o Genesis era mais nervoso, rápido, passando perto do que se convencionou chamar de rock de arena naquel e período.

Mas com seus músicos na casa dos 56, 57 anos, era de se esperar que houvese mais coesão e o objetivo principal fosse não mostrar a competência musical de cada componente e, sim, a capacidade de soar bem ao vivo como conjunto. E nisso o Genesis é quase imbatível.

Phil Collins é, sem dúvida, um dos mais caristmáticos e competentes vocalistas do pop/rock. Sua voz passou por várias provações durante os anos. Collins fumava (não sei se ainda fuma) e foi afetado por um tipo de surdez temporária em um dos ouvidos o que, obviamente, acarreta dificuldades com a voz. Mas segue sem perder uma nota, sem desafinar e tem uma capacidade rara de adaptar seu tom às novas necessidades. Também mostrou que ainda é um baterista acima da média, voltando a assumir as baquetas para tocar canções do tempo em que estava no auge, há cerca de 20, 30 anos.

Ouvir as vesões 2007 do Genesis para clássicos como In The Cage (do Lamb Lies Down on Broadway, de 1974), ou Los Endos (de A Trick of The Tail, de 1976) prova que a banda justifica a longevidade com rara competência. Collins e sua trupe ainda se dão ao luxo de incluir alguns temas instrumentais, uma marca registrada da banda, em forma de medleys (outro selo do Genesis) que soam absurdamente atuais, como se tivessem sido compostos outro dia.

Mas como se trata de um DVD, a questão visual salta aos olhos, com o perdão do trocadilho. O Genesis sempre foi inovador na concepção visual de seus espetáculos. A banda inventou o conceito das Varilites, as luzes que se movem em mudam de cor nos palcos, em 1981. E ainda hoje faz uso delas e de outros truques como nenhuma outra concorrente. Para completar o pacote, um telão gigantesco pontuado por LEDs de alta definição deu o toque tecnológico e transformou o palco também numa atração. Os efeitos de luz e vídeo trazem, em certos momentos (como em I Kow What I Like) fotos e vídeos de todas as épocas da banda, além de imagens do público. Belo truque conceitual, que leva o fã, literalmente, para o centro do palco.

Destacaria alguns grandes momentos. In The Cage, com a perfeita sincronia entre som e imagem e um momento inesquecível para qualquer fã: na sessão instrumental, Collins, Banks e Rutherford, remanescentes da formação clássica do Genesis, ficam apenas os três no comando da parede sonora, mostrando competência e entrosamento raros e exalando nostalgia. Os fãs da era Peter Gabriel que me perdoem, mas In The Cage parece que foi feita para Phil Collins cantar. Ele assume a canção como dele. Los Endos mostra uma trupe de músicos veteranos curtindo como garotos o fato de estarem tocando juntos e em alto nível. Afterglow é, talvez, a mais bela das canções simples e diretas da banda. Land of Confusion mostra que das grandes bandas dos anos 70 o Genesis foi a que melhor soube passar do rock para o pop sem perder a classe. Assim como Throwing it All Away é uma gema pop que não tem o reconhecimento que merece.

Outro momento de pura nostalgia é a interpretação de Follow You Follow Me, o primeiro grande sucesso comercial do Genesis, que marca a mudança de rumos da banda. Como no clipe promocional de 1978, Collins assume as baquetas e canta tocando bateria simultaneamente.

Para fechar o espetáculo, Carpet Crawlers, canção-símbolo do Genesis, em arranjo renovado e belíssimo, também com a interpretação marcante de Collins.

Os extras e documentários mostram uma banda literamente de amigos que se reencontram para, principalmente, se divertirem. Phil Collins admite a dificuldade para retornar a temas de 30 anos atrás, principalmente como baterista e menos como vocalista, para surpresa de muitos. Além disso, fica claro que Tony Banks é o verdadeiro "dono" do Genesis.

Áudio e vídeo impecáveis. Para quem tem home-theater, prepare a pipoca, um bom vinho, e embarque nessa viagem e preste atenção no som que vem das caixas. Há detalhes surpreendentes guardados nas composições de uma carreira de 40 anos que a tecnologia do século 21 traz à tona.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fala Nori, tudo bom? Resolvi criar um blog marcellolima.wordpress.com
De uma olhada e se possivel espalhe pra galera.
Valeu!