quinta-feira, julho 31, 2008

CRÍTICA MUSICAL SUBESTIMA

BANDAS COMO O MARILLION


Assim como alguns jogadores de futebol, algumas boas bandas do pop/rock são subestimadas pela crítica. Tratados com desprezo, como subproduto. Hoje cito a banda inglesa Marillion. Infelizmente, ficou rotulada pelos críticos como um grupo do segundo escalão do rock progressivo. O time de músicos é de primeiríssima linha, e a carreira já se afastou há algum tempo do que se convencionou chamar de rock progressivo.
No começo havia influências descaradas do Genesis e do Pink Floyd. Hoje o Marillion é uma banda bem estabelecida, com uma base de fãs que viabiliza literalmente sua existência. O grupo criou um sistema pela Internet em que faz uma espécie de pré-venda através de seu site oficial. Se o interesse dos fãs se traduz em viabilidade comercial, pinta um lançamento. E assim tem sido há alguns bons anos.
Não comprei o álbum mais recente da banda, mas o penúltimo, Marbles, é excelente. Disco duplo, bem tocado, composições densas, temas interessantes. Atualmente, a formação tem Steve Hogarth nos vocais, Pete Trevawas no baixo, Mark Kelly nos teclados, Ian Mosley na bateria e o excelente Steve Rothery na guitarra. Todos são muito bons, mas Rothery é craque. O Marillion foi descoberto nos anos 80, graças ao sucesso de Kayleigh, uma linda balada, e ao carisma do ex-vocalista, Fish. Mas atualmente, no século 21, a banda mostra maturidade e competência para justificar a longevidade. Pena que pouca gente preste a devida atenção e prefira acreditar em alguns rótulos maldosos.
Deixou um exemplo do que considero um bom exemplar da produção pop do Marillion, a canção No One Can.

quarta-feira, julho 30, 2008

RESPOSTA AO ANÔNIMO

GÊNIO DO BASQUETEBOL


Anônimo, ou melhor talvez você seja um auxiliar do Kanela, George Karl, Phil Jackson? Perdão por invadir o espaço de um verdadeiro sábio do esporte como vc. Identifique-se da próxima, aí quem sabe eu me inscrevo para uma de suas aulas. Respondi à pergunta sobre o jogador que mais gosto de ver jogar, que se chama Ginóbili. E felizmente, sobre gênios, tive a sorte de ver em ação os de verdade, ao vivo, em Barcelona 92. Jordan, Johnson, Byrd. Esses não perdiam para a Argentina.Abs

segunda-feira, julho 28, 2008

O BRASILEIRÃO É O
MELHOR CAMPEONATO
NACIONAL DO MUNDO

O título acima reflete exatamente o que penso. Não estou colocando nesse puçá torneios como a Liga dos Campeões, a Libertadores, ou campeonatos entre seleções. A afirmação é restrita aos capeonatos nacionais de futebol. Não existe nada que se aproxime do Campeonato Brasileiro em termos de equilíbrio de disputa. Também acho que, tecnicamente, não fica nada a dever aos principais torneios nacionais do mundo. Mesmo com a exploração quase criminosa - e as vezes criminosa de fato - dos recursos naturais. O pé-de-obra, como gosta de dizer o meu amigo Mauro Beting.
Que outro campeonato nacional do planeta bola pode ter tantos times disputando, de fato, o título como o Brasileiro? Na Espanha temos Real Madrid e Barcelona monopolizando. De vez em quando pinta um La Coruña, um Valencia, um Atlético de Madrid. Fora isso, a dupla ganha ano sim, ano também. Na Itália são aqueles três de sempre: Milan, Inter e Juventus. A Roma é bissexta. A Ingleterra tem o Chelsea como novidade, mas fica rodando entre Manchester, Arsenal e Liverpool.
Por aqui, nos últimos 20 anos, tivemos 11 times campeões. O campeonato atual mostra uma diferença de apenas 4 pontos entre o líder e o quarto colocado e, melhor ainda, de nove pontos do líder para o décimo. Dois campeões brasileiros e que recentemente foram vice-campeões da Libertadores ocupam a zona de rebaixamento. O mesmo rebaixamento que já tragou instituições como Corinthians, Palmeiras, Botafogo, Grêmio, Atlético Mineiro, Coritiba.
O último colocado, o estreante Ipatinga, já arrancou um empate do atual bicampeão, São Paulo, fora de casa, e ganhou do Inter, que como o Tricolor paulista, foi campeão mundial outro dia.
Apontem-me, por favor, outro campeonato nacional que tenha tantas equipes postulantes, de fato, ao título. Por que, pelo menos para mim, no Brasileiro/2008, batendo os olhos na tabela no dia de hoje, são candidatíssimos: Grêmio, Flamengo, Cruzeiro, Vitória, São Pauo, Palmeiras, Coritiba e Inter. Podem sonhar pelo menos esses: Sport, Botafogo, Figueirense, Náutico, e os Atléticos. Dali pra baixo temos Goiás, Vasco, Portuguesa, Santos, Fluminense e Ipatinga, que têm coisas mais urgentes a resolver do que sonhar. Mesmo assim, são apenas seis pontos que separam o Santos de um sonhador Figueirense, por exemplo.
Tudo bem que tecnicamente há problemas, muitos problemas. Alguns jogadores estão abaixo da média que um torneio como o Brasileirão merece. Alguns estão literalmente abaixo da crítica. Mas ainda existem ótimos motivos para se acompanhar o Brasileirão. Há grandes jogadores em ação. Ótimos treinadores, torcidas apaixonadas. E pelo rolar da bola, este será o mais equilibrado torneio dos últimos tempos, sem prognósticos, arrancadas e favoritismo destacado.

HORA DA VERDADE PARA
VOLEIBOL MASCULINO

Crédito Bernardinho e cia. têm para emprestar ao mundo. Nos últimos seis anos foi a primeira vez que perderam dois jogos seguidos. Leiam bem, SEIS ANOS. Todo império vive seu momento de implantação, auge e declínio. O Brasil hoje é o império do voleibol. A capital imperial é o time do Bernardinho. Seria oportunista analisar apenas por causa das derrotas, mas o contexto é deafiador. O voleibol é um jogo complexo e entre os esportes coletivos o que mais exige taticamente. Por que não existe como anular individualmente um jogador. Ninguém ganha sozinho. Sem um bom passe, o Giba perde muito do seu fantástico potencial. Sem um bloqueio bem montado, as estatísticas de defesa do líbero Serginho caem muito. E sem um bom saque, não há bloqueio que resista. O treinador não pode falar algo como "gruda no Giba e não deixa ele jogar". É o time que tenta fazer isso.
Não há outro esporte coletivo em que a troca de informações e a pesquisa dos adversários seja tão frequente como no voleibol. Todos os times estão marcados. Os maiores levantadores do mundo ficaram marcados depois de um tempo. Ninguém tem repertório infinito de jogadas. Aconteceu com William e Maurício. Chega uma hora em que o adversário consegue antecipar todos os movimentos táticos. O Brasil só supera isso graças ao talento de seus jogadores.
Agora esse talento será desafiado em Pequim. A Liga Mundial mostrou que todos já sabem os truques brasileiros e conseguem anulá-los razoavelmente. Resta saber se ainda há truques na cartola do Império. Ainda assim, medalha é quase certa. Só não dá para cravar a de ouro.

sexta-feira, julho 25, 2008




ELES AINDA TÊM O


TOQUE INVISÍVEL



Colocar para rodar um dos três discos de When in Rome, DVD triplo que documenta o show de encerramento da turnê européia do Genesis, em 2007, desencadeou, para mim, a sensação de uma viagem no tempo. Mais precisamente para 3 de outubro de 2007, quando fui a Chicago assistir, pela primeira fez, um show de minha banda favorita. Por isso, estejam avisados, essa crítica é de um fã.

Em julho de 2007 o Genesis, reunido pela primeira vez após 15 anos em sua formação de maior sucesso comercial (Tony Banks, Phil Collins e Mike Rutherford, mais Daryl Stuermer e Chester Thompson) encerrou uma esgostada turnê européia tocando para 500 mil pessoas, no Circo Máximo, em Roma.

When in Rome captura essa performance completa e ainda acrescenta uma série de extras (há pelo menos um para cada música) e ainda um documentário (Come Rain Or Shine - Chuva ou Faça Sol) que escancara alguns dos momentos de intimidade da banda desde os ensaios.

O Genesis versão 2007 levou aos palcos da Europa, EUA e Canadá uma mistura de sucessos dos anos pop e da fase progressiva do grupo, com e sem Peter Gabriel à frente. O inevitável passar do tempo parece não ter afetado a musicalidade e o talento da banda. Embora tenha deixado marcas, como é de se esperar.

Algumas músicas são executadas pelo menos um tom abaixo das versões originais e até de algumas interpretações de outras turnês. Nada que que arranhe a reputação do quinteto, reconhecido como uma das melhores trupes de músicos do pop/rock em apresentações ao vivo.

Em linhas gerais, o Genesis talvez nunca tenha soado tão bem como banda em cima de um palco. Houve momentos de maior virtuosismo, no já distante tempo do rock progressivo, na década de 70. Também no início dos anos 80 o Genesis era mais nervoso, rápido, passando perto do que se convencionou chamar de rock de arena naquel e período.

Mas com seus músicos na casa dos 56, 57 anos, era de se esperar que houvese mais coesão e o objetivo principal fosse não mostrar a competência musical de cada componente e, sim, a capacidade de soar bem ao vivo como conjunto. E nisso o Genesis é quase imbatível.

Phil Collins é, sem dúvida, um dos mais caristmáticos e competentes vocalistas do pop/rock. Sua voz passou por várias provações durante os anos. Collins fumava (não sei se ainda fuma) e foi afetado por um tipo de surdez temporária em um dos ouvidos o que, obviamente, acarreta dificuldades com a voz. Mas segue sem perder uma nota, sem desafinar e tem uma capacidade rara de adaptar seu tom às novas necessidades. Também mostrou que ainda é um baterista acima da média, voltando a assumir as baquetas para tocar canções do tempo em que estava no auge, há cerca de 20, 30 anos.

Ouvir as vesões 2007 do Genesis para clássicos como In The Cage (do Lamb Lies Down on Broadway, de 1974), ou Los Endos (de A Trick of The Tail, de 1976) prova que a banda justifica a longevidade com rara competência. Collins e sua trupe ainda se dão ao luxo de incluir alguns temas instrumentais, uma marca registrada da banda, em forma de medleys (outro selo do Genesis) que soam absurdamente atuais, como se tivessem sido compostos outro dia.

Mas como se trata de um DVD, a questão visual salta aos olhos, com o perdão do trocadilho. O Genesis sempre foi inovador na concepção visual de seus espetáculos. A banda inventou o conceito das Varilites, as luzes que se movem em mudam de cor nos palcos, em 1981. E ainda hoje faz uso delas e de outros truques como nenhuma outra concorrente. Para completar o pacote, um telão gigantesco pontuado por LEDs de alta definição deu o toque tecnológico e transformou o palco também numa atração. Os efeitos de luz e vídeo trazem, em certos momentos (como em I Kow What I Like) fotos e vídeos de todas as épocas da banda, além de imagens do público. Belo truque conceitual, que leva o fã, literalmente, para o centro do palco.

Destacaria alguns grandes momentos. In The Cage, com a perfeita sincronia entre som e imagem e um momento inesquecível para qualquer fã: na sessão instrumental, Collins, Banks e Rutherford, remanescentes da formação clássica do Genesis, ficam apenas os três no comando da parede sonora, mostrando competência e entrosamento raros e exalando nostalgia. Os fãs da era Peter Gabriel que me perdoem, mas In The Cage parece que foi feita para Phil Collins cantar. Ele assume a canção como dele. Los Endos mostra uma trupe de músicos veteranos curtindo como garotos o fato de estarem tocando juntos e em alto nível. Afterglow é, talvez, a mais bela das canções simples e diretas da banda. Land of Confusion mostra que das grandes bandas dos anos 70 o Genesis foi a que melhor soube passar do rock para o pop sem perder a classe. Assim como Throwing it All Away é uma gema pop que não tem o reconhecimento que merece.

Outro momento de pura nostalgia é a interpretação de Follow You Follow Me, o primeiro grande sucesso comercial do Genesis, que marca a mudança de rumos da banda. Como no clipe promocional de 1978, Collins assume as baquetas e canta tocando bateria simultaneamente.

Para fechar o espetáculo, Carpet Crawlers, canção-símbolo do Genesis, em arranjo renovado e belíssimo, também com a interpretação marcante de Collins.

Os extras e documentários mostram uma banda literamente de amigos que se reencontram para, principalmente, se divertirem. Phil Collins admite a dificuldade para retornar a temas de 30 anos atrás, principalmente como baterista e menos como vocalista, para surpresa de muitos. Além disso, fica claro que Tony Banks é o verdadeiro "dono" do Genesis.

Áudio e vídeo impecáveis. Para quem tem home-theater, prepare a pipoca, um bom vinho, e embarque nessa viagem e preste atenção no som que vem das caixas. Há detalhes surpreendentes guardados nas composições de uma carreira de 40 anos que a tecnologia do século 21 traz à tona.

quarta-feira, julho 23, 2008

UM ABRAÇO AO ETERNO
LUIZ FERNANDO BINDI



A notícia, de tão absurda, não parecia verdadeira. Voltávamos da transmissão de Santo André x América de Natal quando ouvi pelo rádio que havia falecido o geógrafo e jornalista Luiz Fernando Bindi. Tive a felicidade de conhecer o Bindi. Um apaixonado por futebol e pelo jornalismo esportivo. Figura doce, afável, gentil e extremamente competente. Se foi muito cedo, com pouco mais de 30 anos, e deixa uma lacuna irreparável para a pesquisa séria do jornalismo esportivo. O mais duro golpe, no entanto, é para a família, que perde um ente querido, jovem, participativo. Deixo aqui meus mais sinceros votos de pêsames à família do Bindi, e que se há algum conforto possível para esse tipo de situação, que ele venha. Vida besta essa, às vezes.

segunda-feira, julho 21, 2008

RÁDIO GLOBO CONTRATA

CRAQUE DO MICROFONE


Uma mexida interessante no mercado de rádio esportivo de São Paulo foi concretizada. A Rádio Globo contratou o repórter Carlos Cereto, que recentemente deixou o SporTV. Tacada de mestre da emissora da Rua das Palmeiras. Faço minhas as palavras de Milton Leite: Carlos Cereto é hoje o melhor repórter de transmissão da TV brasileira. Mas também é um cracaço no rádio, veículo pelo qual é apaixonado e do qual é profundo conhecedor. Fora isso, Ceretinho, como os amigos o chamamos carinhosamente, é repórter à moda antiga: gosta de notícia e não de perfumaria.
Com Carlos Cereto reforçando a equipe dos amigos Oscar Ulisses, Slva Júnior e tantos outros, será um prazer ouvir as transmissões da Rádio Globo.
Tive o prazer de trabalhar ao lado do Cereto durante seis anos. Foram muitas e inesquecíveis transmissões. Diria que algumas delas memoráveis.
Toda sorte do mundo ao amigo, porque o talento você tem de sobra. Resta agora explicar aos ouvintes da Rádio Globo por que ele era conhecido como Craque Torrada.
S.O.S BASQUETE MASCULINO


Escrevo esse post pensando em três grandes amigos e um ídolo. Três apaixonados pelo basquete e profundos conhecedores da modalidade. Todos jornalistas, e dos bons. Marcelo Laguna, Juarez Araújo e Luís Augusto Simon, o Menon. Amam o basquete e não se conformam com o momento atual. Viram grandes jogos, grandes craques, conhecem a fundom a realidade do basquete onde ele visceja, resitste bravamente, no Interior de São Paulo. O ídolo dispensa comentários, é o grande Wlamir Marques, gênio do esporte, a quem tenho a honra de também chamar de amigo.
Não dá para aceitar calado mais um fiasco do basquete brasileiro. Tudo bem que esse era previsível. A dura realidade é que hoje o Brasil joga, no masculino, um basquete de segunda linha. Deixamos de ser potência, de incomodar, de manter vida uma escola.
Admito que deu um baixo astral ver o Brasil perder da Alemanha no Pré-Olímpico Mundial. Por que o Brasil perde muito mais para os seus erros, sua falta de preparação adequada, pela regressão absurda por que nosso basquete masculino passou em termos de fundamento. Ver na telinha uma estatística que, em determinado momento, apontava 6% de aproveitamento em lances de 3 pontos é de doer. Isso na terra de Oscar e Marcel, para ficar em dois ídolos mais recentes.
Faz alguns meses encontrei o grande Wlamir em Ribeirão Preto. Eu trabalhando pelo SporTV, ele pela Espn Brasil. Jantamos juntos e falamos de basquete. Realista, Wlamir previa enormes dificuldades no Pré-Olímpico e falava numa longa caminhada até que o Brasil voltasse a ser grande no basquete masculino.
Sempre que encontra Laguna, Juarez e Menon, é inevitável falarmos de basquete. Laguna e Juarez são mais sonhadores, acreditam na recuperação, conseguem ver força no basquete masculino. Menon é mais realista. Todos nós fomos privilegiados. Vimos o basquete brasileiro ainda forte, vivo. Grandes duelos entre Sírio e Franca, Monte Líbano e Corinthians. A Seleção Brasileira enfrentando forças européias de igual para igual nos inesquecíveis quadrangulares internacionais no Ibirapuera.
Uma das primeiras lembranças esportivas que tenho é aquela cesta histórica do Marcel contra a Itália, do meio da quadra, que valeu o bronze no Mundial de 1978. Vi o Brasil dar canseira no Dream Team durante 10 minutos em Barcelona/92. Nem quero lembrar de 1987, de Indianápolis. Ou do Mundial do Sírio em 1979, que apresentou Oscar e Marcel, elese mesmos, ao grande público.
De volta ao interior paulista, quantos grandes times tiveram cidades como Limeira, Franca, Casa Branca, Bauru, Piracicaba, São Carlos, Araraquara, Assis e tantas outras?
Não tem como aceitar que desde 1996 o Brasil bicampeão mundial, três vezes bronze olímpico, de Algodão, Ruy, Massinet, Wlamir, Rosa Branca, Amaury, Ubiratan, Carioquinha, Adílson, Marquinhos, Oscar, Marcel, Israel e muitos outros esteja fora do basquete das Olimpíadas.
Passou da hora de uma reunião, de se deixar individualidades e panelinhas de lado. Há um trabalho duro pela frente. Coisa de, quem sabe, dez anos, para recolocar o Brasil em seu devido lugar. O preço cobrado já é muito alto. O basquete perdeu público, muito público, principalmente para o vôlei. Perdeu prestígio e até o handebol, que sempre foi tratado como primo pobre, vem trabalhando com mais competência e, justa e merecidamente, vem conquistando seu espaço.
O basquete corre o risco de ficar pelo caminho.
Se houvesse mais gente como Laguna, Juarez, Menon e, claro, Wlamir, cuidando do basquete, a situação com certeza não teria chegado até esse ponto.
O ESTADO ESPIÃO


Confesso que estou preocupado. O Brasil virou o país dos grampos, oficiais ou não. Os arapongas tomaram conta do pedaço. Conversas são ouvidas por sabe lá quem. Sejam elas oficiais, de alcova, políticas.
É ótimo que a Polícia Federal esteja agindo, buscando limpar a sujeira. Mas seria terrível se ela se transformasse numa Stasi, numa polícia secreta. Pior que isso, até onde sabemos, hoje contratar um grampo é coisa baratinha. Grampeia-se cônjuge, amante, funcionário, chefe, todo mundo. O Grande Irmão de Orwell é aqui. E chega, porque vai que alguém grampeou o blog.

quinta-feira, julho 17, 2008

FLAMENGO PODE

FAZER HISTÓRIA


Tudo que envolve o Flamengo, pela grandeza do clube e a força da paixão que desperta, provoca polêmica. No Arena SporTV de quarta-feira discutimos amplamente o momento rubro-negro. Em certo instante, pintou uma figura de linguagem que falava em termos automobilísticos. Eu disse que um dos problemas que poderiam atrapalhar o Flamengo era o fato dele "sair da pista sozinho" em algumas situações. Eu me referi a algumas trabalhadas de dirigentes e à mais recente, a trapalhada geral que antecedeu o fatídico jogo contra o América do México, na Libertadores.
Algumas pessoas não entenderam, acham que é bairrismo, torcida contra. Não torço nem contra, nem a favor. Tento opinar e comentar. As pessoas concordam e discordam. Mas a opinião procura sempre ser equilibrada e consistente dentro de parâmetros, sem preferências.
Vejo o Flamengo num momento crucial em sua história. Tudo conspira para que o clube possa se reestruturar e, com isso, o time voltar a ser o gigante que sempre foi - apenas andou adormecido em termos nacionais e internacionais por um tempo. A diretoria, enfim, parece ter deixado de lado sonhos megalomaníacos (embora vira e mexe fale em contratar Riquelme, Ronaldo, essas bobagens) e busca um caminho sólido e de longo prazo.
O time é bom, o elenco também. O treinador é competente, promissor. A torcida é espetacular, comprou a idéia de um Flamengo novamente forte, vencedor.
O que significa sair da pista? Deixar acontecer um desmanche em virtude da frágil situação financeira. Festejar antes da hora, soltar camisa comemorativa, fazer churrasco em véspera de jogo decisivo. Atrasar salário e falar em contratar Ronaldo. Vejo dessa maneira.
O Flamengo com os pés no chão e a cabeça no lugar é o maior favorito à conquista do título nacional em 2008. É perseguido de perto por São Paulo e Palmeiras, no mesmo patamar, e um pouco atrás por Cruzeiro, Grêmio e Inter. Pelo menos é o que penso nesse momento, em 12 rodadas de Brasieirão. Mas o Fla já perdeu Marcinho, Renato Augusto. Se perder Juan começa a complicar. Se não perder mais ninguém, basta não perder o juízo que 2008 será um ano em que boa parte do Brasil poderá festejar a "alegria de ser rubro-negro".

quarta-feira, julho 16, 2008

QUE PAÍS É ESTE?


Onde a Polícia mata um cidadão apenas por achá-lo suspeito?
Onde o bandido mata um cidadão apenas porque decidiu matar?
Onde a mais alta esfera jurídica parece mais preocupada em preservar a imagem de uma pessoa que está sendo detida do que em saber por que ocorre a detenção?
Onde um banqueiro bilionário tem parede falsa em casa e isso parece coisa normal?
Onde altos funcionários do governo tramam, via telefone, com altos funcionários do partido do Governo, o uso de influência para ajudar banqueiros bilionários?
Onde vira e mexe o Governo se vê metido em algum escândalo? Esse e todos os outros governos.

segunda-feira, julho 14, 2008

FLAMENGO EM VÔO

SEM TURBULÊNCIA


A vitória tranquila sobre o Vasco mostra que o Flamengo atingiu altitude de cruzeiro e segue sem turbulência na liderança do Brasileirão. Até agora ninguém mostrou futebol compatível ao do Rubro-Negro carioca. A folga na ponta fica ainda mais evidente se tomarmos como parâmetro o quinto colocado, Palmeiras, que está oito pontos atrás do líder. Para os fãs de reações heróicas, o primeiro time fora do rebaixamento na tabela atual, o Galo mineiro, está 16 pontos longe do Mengão.
Cruzeiro e Grêmio têm 21 e, claro, estão próximos na pontuação, mas ainda distantes em termos de futebol e regularidade. Ainda.
Com apenas 11 rodadas, falar de título é pura precipitação. Mas é exatamente aí que mora o perigo para os flamenguistas. Alegres, festeiros, os rubro-negros adoram comemorar antes da hora. Daqui a pouco começa aquele tradicional papo de rumo a Tóquio, tão característico da alma flamenguista. Para o Flamengo o título brasileiro é uma possibilidade concreta. Nesse momento, mais que para qualquer outro time. Mas o pessoal da Gávea precisa aprender a controlar uma certa soberba histórica, sob pena de não ver mais um desastre se consumar. Também precisa dar um jeito de segurar o técnico Caio Jr. Perdê-lo agora pode ter consequências terríveis.

MURICY SACOU MAIS
RÁPIDO QUE O LUXA

Trabalhei no clássico paulista. Vitória sem contestações do São Paulo. Muricy Ramalho levou a melhor no duelo de estratégias com Wanderley Luxemburgo. Ao saber que o Palmeiras divulgara sua escalação sem o volante Pierre, Muricy alterou o time no vestiário. Tirou Aloísio e colocou Dagoberto. Fora isso, deu mais liberdade a Zé Luís para que ele fosse lateral pela direita e revezasse com Richarlyson no apoio aos dois zagueiros. Pensou rápido o treinador são-paulino. Percebeu que o Verdão seria mais vulnerável no meio, com um jogador a menos e nenhum de características de marcação. Assim seria melhor ter a movientação de Dagoberto que a presença de Aloísio como referência. Também não faria sentido ter três zagueiros de fato e dar as laterais para o Palmeiras jogar, quando o jogo seria decidido pelo meio. Foi com base nisso que o Tricolor dominou a partida nos 30 minutos iniciais e poderia, até, ter goleado.
Na sequência do jogo, o Palmeiras equilibrou, mas sem inspiração, não chegou a ameaçar a superioridade do rival.
Algumas constatações feitas pela observação do clássico do Morumbi. A primeira é óbvia e todo mundo viu: Valdívia não está jogando nada. E sem o talento do chileno o Palmeiras perde muito de sua força. Outro aspecto que tem prejudicado o time de Luxemburgo: a concentração do jogo pelas laterais. Como Fabinho Capixaba é fraco e limitado, a bomba estourou nas mãos de Leandro, que jogou mal. O Palmeiras sem Valdívia inspirado se torna um time previsível e fácil de ser anulado pelos rivais, com uma marcação forte pelas laterais.
Outra constatação, agora sobre o São Paulo. O time caiu demais de produção na segunda etapa, recuou e chamou o Palmeiras para cima. Joílson ainda não se encontrou. Hugo idem. E Richarlyson caiu muito de produção. A marcação no meio está longe do que era em 2007.
Uma terceira constatação que vale para ambos: pelo que estão jogando, São Paulo e Palmeiras só podem sonhar com o título brasileiro. Na vida real, essa possibilidade, por enquanto, não passa disso, apenas um sonho.

IMBECILIDADE EXPLOSIVA

O que pode querer um sujeito que sai de casa com um explosivo nos bolsos, na mochila? Podem me chamar de cruel, de insensível, mas não tenho pena por esse representante dos imbecis fantasiados de torcedores que se feriu por causa do explosivo que carregava e acabou estourando em suas próprias mãos. Bem feito! Pior seria se explodisse perto de um inocente cidadão comum e de bem que tivesse dado o azar de topar com essa horda de criminosos numa estação de metrô.

quinta-feira, julho 10, 2008

O FATOR VITÓRIA E A

TÁTICA NO FUTEBOL

Pego carona em mais um ótimo post do amigo Lédio Carmona em seu Jogo Aberto . Lédio discorre com a habitual competência e conhecimento sobre o surpreendente Vitória, sensação do Brasileiro.
Ainda não vi o Vitória jogar. O repórter Marco Aurélio Souza viu e me contou maravilhas sobre jogadores e, principalmente, o padrão de jogo, o sistema tático. Segundo o Marco, o time está mais para o padrão que vimos na Euro 2008 que para o jeitão brasileiro atual. Três atacantes, pontas, jogo rápido e não apenas concentrado nas laterais.
O Marco também disse que o Wagner Mancini, técnico do Vitória, se inspirou no que viu na Europa, no futebol mostrado por lá, e que teve a sorte de encontrar no Vitória jogadores com as características para jogar dessa maneira.
O tópico do Lédio leva a uma reflexão. Taticamente, penso o seguinte: o Brasil está parado numa fórmula que não se sustentará por muito tempo. Explico. O ataque nos times brasileiros, já há muito tempo, passa quase que exclusivamente pelos laterais. Isso provoca reflexos em todo o time. Para que os laterais ataquem o tempo todo, os treinadores adotam, geralmente, duas medidas. Uma é escalar um terceiro zagueiro. A outra é colocar, no mínimo, dois volantes marcadores para proteger a subida dos laterais. Isso sacrifica o meio-campo e tira dos times um meia de armação ou criação. O resultado são times óbvios, fáceis de serem marcados e anulados taticamente por equipes que tenham bons jogadores e treinadores inteligentes. Por isso me parece tão complicado para times brasileiros ganhar do Boca Juniors, por exemplo.
Isso também explica o momento ruim da Seleção Brasileira, pelo menos para mim. Como alguns dos "atacantes" são Maicon e Gilberto, Dunga opta sempre por um exército de volantes no meio-campo, para dar suporte às descidas dos laterais. O que trava o time, tolhe a criatividade e deixa isolados os atacantes de fato.
Esse é, para mim, o grande dilema do futebol brasileiro atual. Os times ficam esperando os laterais para atacar. Quando o adversário resolve fazer o que a boleirada chama de bater lateral com lateral, trava tudo. Com três zagueiros ou dois ou três volantes (não raro quatro) a coitada da bola fica perdida, e os atacantes, abandonados.
Na Europa essa questão parece mais bem resolvida. Peguemos como exemplo a campeã Espanha. Na minha análise, o time joga com uma linha de 4 (Sérgio Ramos, Puyol, Marchena e Capdevilla), o brasileiro Marcos Senna à frente dessa linha, uma segunda linha de 4 (Iniesta, Xavi, Fabregas e Davi Slva) e Fernando Torres à frente dessa linha. Iniesta pode aparecer (e muito bem) como autêntico ponta várias vezes, assim como Davi Silva, porque Sérgio Ramos e Capdevilla não precisam ser os atacantes do time. Capdevilla raramente passa do meio-campo. Xavi e Fabregas podem ser armadores, meias de fato, embora também ajudem na marcação. Marcos Senna protege a última linha de 4 e, com isso, a Espanha raramente sofre gols de contra-ataque. Tem mais consistência como time, flui melhor.
A vice-campeã Alemanha também faz a última linha de quatro, mas com um trio no meio-campo e outro trio à frente. Mas como o trio do meio tem apenas Ballack com qualidade de armação, é um time mais óbvio, embora seja muito ofensivo com o ótimo Schweinsteiger e Podolski. A Holanda usa Kluyt como ponta e tem Sjneider como um camisa 10 das antigas, armador de verdade. De ultrapassado na Europa apenas a retrancada França e a Itália, que sacrifica o taleto de Pirlo, fazendo com que ele precise voltar quase até a sua área para organizar o jogo, por pura falta de capacidade de Gattuso e Ambrosini, por exemplo.
No Brasil, quais são alguns dos principais armadores de jogadas de ataque, raciocinemos? No Flamengo fala-se quase sempre de Juan e Léo Moura. De Jorge Wagner no São Paulo. De Leandro e Élder Granja no Palmeiras. De Alex no Inter. O Fluminense, com Thiago Neves e Conca, tentou fugir um pouco disso, mas sempre se desafogava com Júnior César e Gabriel.
O resultado prático disso é que, na minha maneira de ver o jogo, os times brasileiros acabam sendo extremamente vulneráveis aos contra-ataques pelos lados do campo. Quase todos se recompõem mal e oferecem avenidas nas laterais para os adversários. Até meso time que jogam mais abertos, como o Palmeiras, que usa dois zagueiros e apenas um volante de marcação (Pierre), jogam demais a responsabilidade de levar o time à frente para os laterais. Mesmo tendo um talento como o de Valdívia. O Inter tem em Alex uma jóia rara, cada vez mais meia e menos ala, felizmente. O São Paulo anda travadão porque Joílson parece que ainda não se apresentou e Richarlyson anda em péssima fase. Sem armadores, sem bons meias, o time fica preso às ações dos alas e vulnerável no meio-campo.
Talvez seja a hora de, a partir das categorias de base, repensar o futebol brasileiro. Pegar o bom exemplo europeu e redefinir que lateral não precisa ser atacante. Que consistência não passa por uma tropa de volantes no meio-campo. Que adaptados à modernidade, os pontas podem ser resgatados. E, finalmente, que é no meio-campo que devem jogar os talentosos, os pensadores, os que organizam o jogo. Tipo o corintiano Douglas. Ainda é tempo de recuperar a vanguarda do futebol. Basta que os professores sejam menos professorais, que mais ex-jogadores de comprovada capacidade passem a trabalhar na base, ensinando fundamentos aos jovens e preservando a escola brasileira.
Tenho certeza que ainda existem pontas e bons meias pelo vasto território nacional. Se ao chegarem aos clubes eles não forem escravizados pela tática covarde e resultadista (citando Odorico Paraguaçu), não precisaremos ficar aplaudindo a ousadia do futebol europeu.

terça-feira, julho 08, 2008

SELEÇÃO OLÍMPICA DO

BRASIL É BRINCADEIRA


Leio nos jornais de hoje que o planejamento da Seleção Olímpica masculina de futebol do Brasil não existe. Que o time não sabe ao certo quando se reunirá, onde treinará, se fará ou não amistosos. Talvez nem conte com Ronaldinho Gaúcho, convocado pelo presidente da CBF, se o jogador for negociado com o Milan.
Dunga, treinador do time principal e também do olímpico, já declarou que o que importa é a Copa do Mundo. Competição que, recordemos, já começou, pois as Eliminatórias já são a Copa. E o Brasil está fora da zona de classificação. Mas retornemos à Olimpíada. O Brasil vai, de novo, na base do improviso. Pode ser até que ganhe a medalha de ouro, pois há talento para isso. Mas o que fica é a discussão sobre os métodos, sobre o que é hoje a Seleção Brasileira de futebol, em sua versão principal e também na faceta olímpica.
O futebol tem esse lado arrogante de desprezar a Olimpíada. Assim como a Olimpíada não vê com bons olhos o futebol. Na verdade, por parte do futebol, deve ser um pequeno temor da Fifa de que, um dia, o torneio olímpico tenha importância comparável à Copa do Mundo. Uma grande bobagem, diga-se.
Num mundo ideal, não seria interessante que o Brasil tivesse uma Seleção Olímpica ativa, que nesse estágio, há poucos dias dos Jogos, já tivesse feito alguns amistosos, treinado, definido ao menos um padrão tático? A Argentina, pelo que sei, já avançou mais nesse sentido e existe um desejo sincero de grandes jogadores participarem da campanha em busca do bi olímpico.
Tudo isso somado se reflete no momento pálido da Seleção Brasileira, em qualquer de suas versões. Um time dominado pelo medo dentro de campo, entupido de volantes, refém de alguma jogada individual, que sonha com o desafogo através de laterais que não acertam cruzamentos. Um time pobre de idéias, preso à lógica do bateu, levou de seu treinador. Dunga como jogador, dentro de campo, era melhor técnico do que tem se mostrado como professor de fato. Orientava e conduzia melhor.
Talvez o imprevisto e a improvisação conduzam o futebol brasileiro a mais uma conquista em Pequim. Como foi na Copa América, quando o Brasil venceu com apenas uma grande atuação, a da final, diante da Argentina.
Mas o que deveria preocupar a CBF mas parece preocupar apenas quem de fato se preocupa com isso, é o futuro do futebol brasileiro.
Vi a Copa América e vi a Euro. Confesso que fiquei apavorado com as nossas perspectivas.

quinta-feira, julho 03, 2008

A GLÓRIA ESCAPA
DAS MÃOS DO FLU


O Fluminense esteve perto, muito perto da glória. Faltou aquele golzinho salvador, como o de Washington contra o São Paulo. O artilheiro teve uma chance cristalina logo no início do jogo, mas não foi feliz. Todo mundo terá sua explicação para a derrota tricolor nos pênaltis. Talvez todas sejam válidas. Exceto a reclamação do presidente Horcades contra a arbitragem. Que foi, sim, ruim demais, mas não foi por causa dela que o Fluminense deixou de ganhar (vejam bem, talvez seja diferente de perder).
Uma final de Libertadores não permite vacilos como o do Flu no início da partida. Ainda que a equipe tenha buscado o resultado no tempo normal. Lembremos que a LDU mandou bola na trave, teve gol anulado de forma duvidosa, assim como o Flu não teve um pênalti marcado a seu favor.
O jogo foi alucinante, disputado em alta velocidade. A superioridade do tricolor carioca não foi traduzida no placar. Thiago Neves mostrou que é craque e esteve a ponto de entrar para a história do futebol sul-americano.
Pênalti não é loteria, é competência, preparo e momento. O Fluminense sentiu o baque da prorrogação, de ter tido muito tempo para fazer apenas um gol, e não conseguiu, mesmo depois de bravamente ter marcado três. Talvez a LDU tenha ressurgido ali, pois percebeu que o jogo estava perdido e tinha sobrevivido, ganhado uma última chance nos pênaltis.
De tudo que vi, só não gostei de uma coisa: quando acaba o jogo, Renato Gaúcho busca refúgio no vestiário. A postura correta de um grande comandante seria buscar os seus jogadores dentro de campo, agradecê-los, parabenizá-los, até mesmo consolá-los, como fez o presidente Horcades com Luiz Alberto. Com o tempo, Renato, que já é bom técnico, talvez se transforme num grande comandante, deixe um pouco de lado o individualismo. Nada que borre o excelente trabalho feito com o Fluminense.