sexta-feira, junho 05, 2009

Torcida única é empurrar a
sujeira pra baixo do tapete


O promotor público paulista Paulo Castilho é uma pessoa de bem, com as melhores intenções, sério e dedicado. Mas discordo de sua tese de que com torcida única nos estádios acabará a violência. É querer empurrar a sujeira pra baixo do tapete. É a derrota do cidadão civilizado e o privilégio à barbárie, aos vândalos, aos bandidos fantasiados de torcedores.

Se formos seguir a lógica do promotor, então passaremos a ficar todos trancados em casa, não sairemos mais às ruas para passear, conviver, ir a um restaurante, já que vivemos em um País, no meu caso, numa cidade em especial, violentíssima, que é São Paulo.

O problema do Ministério Público no caso das torcidas organizadas é, não sei por que motivo, dar crédito às mesmas. Castilho insiste, em suas entrevistas, que não são apenas os organizados que brigam, que há torcedores comuns nas confusões. Os fatos teimam em contrariar o bem intencionado promotor.

O direito de ir e vir é sagrado. Se o torcedor não quiser ir ao estádio porque tem medo, não confia na polícia e não acredita mais nas instituições, está perfeito. Agora o Estado não tem o direito de impedir que ele vá ao estádio simplesmente porque esse mesmo Estado é incapaz de dar a ele as garantias a esse sagrado direito de ir e vir. Isso para mim é ponto pacífico.

A Argentina tentou a medida da torcida única e alguns jornalistas citam isso como exemplo. Mas omitem o fato de que a violência e as mortes continuam, entre torcedores do mesmo time. Pode um ser humano ser morto a pauladas só porque torce para um time diferente de outros seres humanos?

O que esperam as autoridades brasileiras para intervir? E o silêncio oportunista da CBF? Será por que uma torcida organizada elege um deputado estadual, um deputado federal?

Felizmente há o propósito honesto do próprio promotor Castilho de alterar a lei, de punir, de trancar na cadeia esses animais. Só não compartilho da tese de que eles mereçam ser ouvidos. Nada contra quem quer formar torcida. Tenho amigos que fazem ou fizeram parte de uniformizadas. Nunca brigaram ou mataram ninguém e hoje, na maioria, estão afastados. Só não merece crédito o criminoso que usa a torcida como disfarce.

E porque os clubes silenciam? Porque permitem que as torcidas vendam camisas e ganhem dinheiro utilizando a marca e o escudo dos clubes sem pagar um tostão de royalties? A que interesses eles respondem?

4 comentários:

Jones Rossi disse...

Nori, a imprensa tem uma culpa abissal nesta história. Ultimamente proliferam notícias que simplesmente não são notícias. São propaganda pura, coisa feita para provocar ou inflamar estes marginais. Profissionais de rádio e mesmo de tv ficam criando picuinhas entre jogadores e clubes, falsas polêmicas a toda hora. E não fazem o papel de cobrar o Ministério Público. O Fernando Capez elegeu-se deputado com um lindo discurso de acabar com as organizadas, coisa que nunca foi colocada em prática para valer.

As emissoras e jornais impressos cobrem o Carnaval como se fosse uma festa popular, sendo que ninguém questiona de onde sai tanto dinheiro para carros alegóricos e fantasias tão caras para desfiles com milhares de pessoas. PCC, jogo do bicho e gente menos votado financia a "grande festa popular".

O Castilho não me parece nada do que você acredita que ele seja. Dá a impressão de ser mais um oportunista que gosta de aparecer. Espero que eu esteja errado.

Outra coisa. Já vi dirigentes acabarem com a farra das organizadas - o Atlético-PR acabou com qualquer tipo de benesse aos organizados por um bom tempo - e só levou patada da imprensa local (a do resto do país não enxerga o que acontece além das suas fronteiras).

Enfim, não passou da hora da imprensa esportiva se portar como IMPRENSA e cobrir com rigor esses fatos, em vez de criar polêmica com o Petkovic, com o atraso do Adriano no treino do Flamengo ou o peso do Ronaldo?

Anônimo disse...

Caro Nori,

Concordo com sua análise. Prova disso foi a emboscada armada pela torcida corinthiana em plena marginal Tiête, a milhas e milhas (como diria Evandro Mesquita) do estádio do Pacaembu. Se essa proposta vingar é certo que haverá menos confusão próximo aos estádios, porém as brigas ocorrerão em outros lugares, marcadas pela internet, ou outro meio qualquer. O Estado precisa, urgentemente, localizar e prender esses criminonos, que se escodem atrás de uma camisa de futebol. É preciso uma lei mais firme contra esses vandalos. Porém, infelizmente, há outros interesses por trás dessas torcidas. Interesses comerciais, politicos e por ai vai....

Abraço

André Antunes

O autor disse...

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João Salvatori disse...

Estes promotores não sabem o que falam e, ao que parece, o que fazem.
Gostam de holofotes. Videm o ultimo, que atuava no assunto das torcidas.

abs