terça-feira, setembro 07, 2010

Bola ao cesto

de uma ilusão


Ah, como eu torci pelo basquete contra a Argentina! Acho que todo mundo torceu. O que já é uma vitória, porque até outro dia a gente mal lembrava do nosso basquete, tão glorioso e tão judiado.

Dessa vez foi como tem que ser. Lutado, suado, batalhado. Infelizmente, derrotado de novo. Mas tivemos a ilusão de que poderia dar. E realmente poderia. Como nos tempos que os mais velhos, como eu, ainda ouviam falar do jogo de bola ao cesto, um dos sinônimos do basquete.

Acontece que no esporte de alto nível o fator emocional é decisivo. Saber vencer, ou no caso do basquete brasileiro, reaprender a ganhar, custa tempo. E derrotas como a de ontem na Turquia.

A Argentina, mesmo sem Ginóbili e Nocioni, é um time mais consistente que o Brasileiro, erra menos. No esporte de alto rendimento ganha quem erra menos. O nível de erros do Brasil ainda é alto. Não apenas o erro de um lance livre, de um arremesso, mas o equívoco na tomada de decisão, a precipitação ao tentar um chute de três quando o melhor era trabalhar a bola. A falta de coragem de arriscar na hora certa, coisas assim.

O Brasil teve um Marcelinho Huertas gigantesco, jogando em altíssimo nível, com uma coragem espantosa. A Argentina teve um Scola decisivo, frio, perfeito no momento decisivo. Quando o jogo apertou e ficou ali, em plena fronteira, apareceu Scola para resolver a questão e oferecer a vitória aos castelhanos.

De minha parte fica uma decepção com Leandrinho, a quem respeito profundamente, mas ainda não vi jogar pela seleção o que joga na NBA. De Leandrinho se espera que seja decisivo, que ganhe jogos que os times levam parelhos. E ele ainda está devendo isso com a camisa do Brasil. É na hora do aperto que aparecem os grandes jogadores, os caras que resolvem.

É assim com o Giba no vôlei. O cara pode estar mal o tempo inteiro, mas na hora de ganhar se agiganta. O fora-de-série faz isso no esporte de alto nível. Nessa camada de atletas existem os bons, os muito bons, os craques e os fora-de-série. Esse Scola é um fora-de-série, porque faz tudo que os craques fazem, mas na hora do aperto, quando o time precisa. Há inúmeros grandes jogadores que nessas horas somem. No vôlei dizem que encurtam o braço, no futebol que se escondem. É o caso do cara que prefere tentar cavar o pênalti do que driblar o goleiro e fazer o gol. Ele tem medo de decidir.


Gutierrez foi excelente nos três pontos pela Argentina, e Marcelinho Machado não esteve à altura quando era preciso que estivesse. Coisas do jogo.

Resta esperar um pouco mais. Não adianta mexer em treinador. Nossos jogadores são bons, mas quando se juntam ainda não formam um grupo vencedor. Recuperaram o respeito internacional, é verdade. Mas para voltar a vencer e a estar entre os melhores, é preciso mais.

Pena que, mais uma vez, o esporte brasileiro perdeu um jogo que poderia ter vencido.

12 comentários:

Unknown disse...

concordo plenamente com seu texto, apenas acho que Marcelinho Machado foi pouco acionado. todas as vezes que ele entrou contribuiu muito. o Guilherme sim, esse foi muito utilizado e não converteu as bolas de 3 pontos que costuma acertar. não sei porque motivo Ruben Magnano usou tão pouco o número 4 brasileiro. pelo menos somos outro time, estamos no caminho.

Gabriel Araújo disse...

Em minha opinião, o que faltou ao Brasil foi calma. O time estava muito desesperado.

Wlamir Marques (ESPN) e Byra Bello (Sportv) diziam antes do início do jogo: o Brasil não pode fazer marcação mano-a-mano, tem que ser coletiva. E fizeram mano-a-mano.

Claro, não são só "perturbações" psicológicas ou erros técnicos que eliminaram o Brasil. A Argentina tinha um time muito melhor, um Scola inspiradíssimo.

Mas o que fica, após a eliminação no Mundial, é a torcida, é o Brasil todo assistindo as partidas, é a TV à cabo perdendo apenas para a Globo no IBOPE.

Mesmo assim, acho que falta apoio ao esporte no nosso país. Lembranças de ídolos como Wlamir Marques etc. Quando tivermos uma escola para talentos, um apoio de verdade ao basquete, sim, seremos verdadeiros campeões.

Nos resta agradecer aos jogadores, liderados por Marcelinho Huertas, com a falta de Nenê, com as falhas de Leandrinho, mas um grupo guerreiro, que lutou até o último segundo.

leandrorial disse...

Acho que esperamos demais de um Leandrinho, que sempre foi banco na NBA pq não tem consistência para jogar muitos minutos. Falta definidor na seleção.
O Guilherme foi bem na primeira metade do jogo, onde penso ter sido uma estratégia de Magnano para manter sempre um jogador descansado em cima do Scola.

Esmeraldino disse...

Nori
Não tenha nenhum receio em afirmar que Leandrinho enterrou a seleção. Seus orgulho, individualismo, estrelismo e pretensa superioridade em relação aos companheiros falaram mais alto do que o respeito e necessário senso de companheirismo e equipe. Isso nos custou o dissabor de mais uma derrota, amaríssima, diante dos hermanos. Para que não me alongue muito, eu que sou muito prolixo, quero concluir dizendo que tudo o que aconteceu no jogo contra os EUA, repetiu-se hoje em Istambul no clássico contra a Argentina, como se fosse um vídeo-tape. Outra vez Leandro quis decidir o jogo sozinho em seguidas tentativas precipitadas de arremessar sob pressão e marcação as bolas de três pontos. Isso já havia nos levado à derrota contra os EUA em um jogo no qual tivemos tudo para vencer.
O pior é que ele era e é o homem de confiança de nosso técnico, talvez pelo statusjogador da NBA.
Falando, ainda, em decepção ela também pode ser chamada de Sandro Varejão, embora ele tenha a desculpa de ter atuado fora de sua melhor condição física e com dor. Para não dizer que não falei de flores, como jogou o Marcelinho Huertas. Não, apenas, hoje quando ele foi brindado com a marca de cestinha da Seleção, mas durante toda a competição. Huertas foi, sem duvida alguma, a expressão superlativa do Brasil neste mundial. Mas como esquecer dos demais atletas em uma equipe briosa, responsável, competitiva, fechada com o treinador e comprometida plenamente com os anseios do povo brasileiro. Apesar dos pesares e da derrota doída, foi um bom ponto de partida para a ressurreição do basquete no Brasil! Um abraço do Esmeraldino (AD)

Daniel disse...

Chora Brasil...Chora Brasil !

O Brasil precisa ir para a "Scola" primeiro, antes de entrar em quadra e tentar enfrentar a Argentina.

E outra o basquete brasileiro só chegou tão longe por causa de um treinador argentino. (tisc tisc).

Chora Chora !!

Lucas disse...

Mesmo quando o Marcelinho faz um grande Mundial e não tem culpa nenhuma da derrota, ele é criticado. Foi ótimo qnd acionado, praticamente 100 %. Acho injusta qualquer critica a ele. Até acho q deveria ser mais usado no último quarto

Silvio Ferreira disse...

Não vi este jogo, mas fiquei realmente triste ao saber da derrota. Principalmente depois do partidão contra os Estados Unidos. Ao acompanhar apresentações anteriores e ler seu texto, Nori, coube a mim apenas lamentar a presença de Leandrinho na seleção. Um pena que seu talento não esteve ao dispor do Brasil neste mundial.

Um abraço...

Unknown disse...

Lucas, vc confunde crítica com observação. Apenas acho que pelo jogador que é, Marcelinho fez menos do que pode, assim como Leandrinho. E foi mesmo pouco acionado, só que também partiu pouco para a definição, o que não o diminui como jogador. Já o Huertas foi espetacular.

Anônimo disse...

Nori, vi vc hj no arena e confesso q qd vc acinou o Miguel ângelo o programa acabou. Este tácnico que foi campeão do mundo com Paula, Hortência e Janete no time, fez uma crítica repleta de inveja, assim como o Paulo Xupeta ontem na Globo News. Esses caras ficam dando soluções como se soubessem o caminho das pedras. O caminho tá bloqueado por causa da estagnação dos técnicos e seu servilismo à CBB. Ficar falando q o NBB é ótimo e tal, é besteira, o NBB ainda está se estruturando e com certeza renderá frutos. O trabalho do Rubén Magnano é ótimo, não teve tempo prá muita coisa mas o time melhorou sem súvida alguma. o ruim é que ele vai ficar sozinho pois não vejo um movimento dos técnicos brasileiros de apoio a ele. Vamos Brasil ! e sim nosso técnico é argentino e qual o problema?

Alcides Drummond disse...

O Ruben Magnano é um líder, conhece basquete a fundo e tem o grupo da Seleção nas mãos. Errou em conceder a Leandrinho a liderança da equipe em quadra. Leandrinho foi fominha e individualista. Chutou dezenas de vezes de forma precipitada para três pontos, ainda que não fosse a melhor alternativa e desperdiçou a maior parte dos arremessos, dando de graçs os contrataques que liquidaram com o Brasil. Isso aconteceu nos momentos cruciais dos jogos facilitando a vida de nossos adversários. Ele quis, visivelmente, se exibir aos companheiros de NBA no jogo contra os EUA. Deu-se mal e enterrou o Brasil em um jogo que o Brasil teve tudo para vencer. Repetiu tudo contra a Eslovênia e contra a Argentina. Conquanto tenha errado menos diante dos argentinos, ainda assim desperdiçou muitas bolas que poderiam e deveriam ter sido mais bem trabalhadas antes do arrremesso. Sabem por que ele fez isso? Por conta de sua necessidade em marcar presença como o grande jogador brasileiro deste mundial.
Quem queria ver Leandrinho acabou vendo mesmo o Huertas, um monstro na armação,perfeito na finalização O anônimo definiu bem a ciumeira dos técnicos brasileiros em relação ao trabalho do Magnani. A verdade é que desde que Ari Vidal envelheceu e saiu de cena, no ocaso da geração Oscar-Marcel, nenhum outro treinador, nem o competentíssimo Hélio Rubens deu um jeito em nossa seleção. Mas o Magnani está conseguindo. Progredimos muito, sob o comando do argentino.
EM TEMPO: Sempre fui um admirador do basquete de Marcelinho Machado e o considero, individualmente, um gênio. Entretanto, faço minhas também as críticas do Nori porque ele esteve muito aquém de suas reais possibilidades técnicas neste mundial. Teria sido por rejeição a sua condição de co-participante (leia-se reserva) ele que reinou por tantos anos como protagonista, titular absoluto (com amplos méritos) de tantas seleções?
Alcides Drummond (OAV)

Anônimo disse...

Nori a paixão pelo esporte esta nos cegando, o basquete brasileiro tenta renascer e enfrentou um basquete solidificado, estruturado. O Brasil se jogar 10 vezes com a Argentina ganha no máximo 3.
O basquete tem um índice de zebras muito menor que o futebol e o Brasil nesse jogo não era favorito.
No entanto foi muito legal a campanha brasileira, nosso objetivo é 2016.

ABS
Mozart

Alcides Drummond disse...

Prezado Mozart
Seus argumentos são consistentes e indesmentíveis. Concordo, plenamente com os mesmos, mas...
A partida em epígrafe estava entre aquelas três possiveis a que você se refere. Dizer que poderíamos vencê-la não é cegueira e nem paixão desenfreada. A própria marcha da contagem de pontos prova isso. Contra os EUA estivemos teoricamente ainda mais próximos de um triunfo consagrador, que seria tão bonito quanto o de 1987 em Indianápolis, USA, do qual fui testemunha ocular. De minha parte quero afiançar-lhe que, embora realista quanto ao degráu mediano que ocupamos no cenário internacional, estou muito otimista e acredito que o nosso imenso potencial no esporte de Naishmith poderá ser resgatado por essa seleção sob comando de Magnani. Isso se a ciumeira dos técnicos tupiniquins não vier a atrapalhar. A maioria se morde de inveja e não se conforma em ver o
cargo técnico mais importante de nossa seleção ser comandado por um "hermano". Salute (AD)