quinta-feira, julho 29, 2010

1 a 0 é muito ou

pouco? E 2 a 0?


Sempre que pinta uma mata-mata e o time que joga a primeira em casa vence por 1 a 0 ou 2 a 0 aparece a discussão. 1 a 0 é pouco? E 2 a 0, garante vitória no confronto?

Durante o Arena SporTV de quarta-feira, no belíssimo Museu do Internacional, em Porto Alegre, Falcão combateu essa ideia de que deve-se jogar fora de casa para perder de pouco ou empatar sem gols. Também acho.

Time grande tem que jogar para ganhar, fazer gols, seja onde for a partida.

Temos como exemplo Inter x São Paulo. Se formos analisar o volume de jogo, 1 a 0 foi pouco para o Inter, que jogou mais, buscou mais. O resultado parece pequeno, no entanto, quando se analisa o retrospecto entre as equipes e o fato de o São Paulo, historicamente, ser muito forte no Morumbi.

Mas pode ser suficiente quando se coloca na mesa o aspecto do futebol. O São Paulo vem jogando uma bolinha ruim de doer, não ganha faz cinco jogos e precisa construir uma diferença de dois gols, desde que não sofra nenhum, para chegar à final da Libertadores.

Então, parece pouco ou muito o que fez o Inter? Depende do otimismo do torcedor e de uma série de outros fatores. Só o futebol jogado não assegura coisa alguma. Mas já é um fator considerável. Nesse ponto o Inter conseguiu um ótimo resultado.

Desde que jogue bem em seu território, o São Paulo pode tranformar esse resultado em algo que foi pouco para o Inter, concordam?

Há jogadores que podem decidir em ambos os lados. Giuliano, do Colorado, é uma jóia rara. Hernanes, apagado no Beira-Rio, pode alavancar o Tricolor. Sandro está jogando demais, assim como Alex Silva. Se Renan pouco trabalhou, Ceni mostrou que está, de novo, em grande fase.

Já nos bancos há pouco a discutir. Celso Roth deu cara de time ao Inter. Ricardo Gomes por enquanto deu apenas cara de conteúdo a suas entrevistas.

E na Vila?

Foi suficiente para o Santos? Talvez seja, se a equipe repetir o bom futebol mostrado diante do Vitória na primeira decisão. Parecia o Santos encantador do primeiro semestre. O Vitória foi apático, nem de longe lembrou o time que certamente voltará a ser no Barradão.

Agora, virar para 3 a 0 um placar de 2 a 0 não é bolinho. Principalmente sabendo que será preciso oferecer o contra-ataque a um time que tem Ganso, Robinho, André e Neymar.

E por falar em Neymar, quanta patrulha por causa de um pênalti! Torcedores e jornalistas costumam ser imediatistas. Se faz o gol é artista, se perde é moleque. Devagar com o andor. Se tiver outro pênalti, Neymar tem que bater do mesmo jeito se achar que deve.

terça-feira, julho 27, 2010

Como eu vi a

lista do Mano


O gaiato diria, com os olhos, claro! Trocadilhos à parte, gostei do que Mano soltou ontem em seu primeiro capítulo à frente da seleção.

Todo treinador tem suas cismas e manias. Ou apostas, como preferirem. O Jucilei, volante corintiano, é uma delas. Mano aposta demais no cara, por isso pega tanto no pé dele. Seria mais lógico que o Elias fosse chamado, ou até mesmo o Cristian, que jogaram com ele no Corinthians. Como foi o Lucas, ex-Grêmio.

Mas outra leitura da lista é a questão da idade, de se pensar na seleção olímpica, na longevidade de cada jogador.

Há contusões, como as de Fred, certamente uma barbada em futuras convocações.

Também temos os jogadores que foram à Copa e podem estar recebendo um descanso pela temporada cansativa na Europa.

Renovação, eu sempre achei isso, se faz do pior para o melhor. Não apenas pela idade. Se tem um cara de 21 anos que joga mais que o de 29, aí, convoca. Mas se um de 20 ainda não está no nível de um de 27, 28, que espere sua vez.

Enfim, é dar tempo ao tempo.

segunda-feira, julho 26, 2010

Mano, versão nacional

A partir das 16 horas de hoje saberemos qual será o perfil de largada da nova seleção brasileira, agora sob o comando de Mano Menezes.

Acredito numa convocação até certo ponto política, não no sentido de agradar alguém, mas de mostrar que é um trabalho aberto a uma nova composição de forças, dando mais ênfase ao futebol que se joga no Brasil, mas sem desprezar o que acontece lá fora.

O treinador da seleção deixou o Corinthians na ponta do Brasileirão, um time que oscila como qualquer outro, mas que geralmente joga bem. É mais solto do que o padrão atual, embora também seja uma equipe competitiva.

A maior diferença em relação a Dunga, a mais imediata, deve ser no meio-campo. Dunga via o da seleção à sua imagem e semelhança, um bando de guerreiros, com facas nos dentes, brigando o tempo todo pela bola e sem dar tanta importância ao que fazer com ela depois de recuperada.

Os times de Mano têm volantes que marcam bem e sabem jogar. Como Cristian e Elias foram no Corinthians e Lucas foi no Grêmio. O futebol de hoje não permite mais volantes apenas medianos. O jogo passe demais pelos pés desse tipo de jogador. Espanha está aí para provar.

Imagino uma convocação que tenha Paulo Ganso, Neymar, mas preserve alguns jogadores do time eliminado na África do Sul, até para evitar uma imagem de ruptura.

Em suma, aguardemos.

Grandes com cara de médios

Atlético Mineiro, Grêmio, Botafogo, São Paulo, Vasco, Palmeiras e Santos. Esse grupo de gigantes do futebol brasileiro vive um momento, digamos, mediano.

Alguns frequentam a zona de rebaixamento, outros a observam com temor, muito próximos.

A queda de rendimento do São Paulo foi brutal. O Santos também está longe de encantar. Luxemburgo não consegue tirar muita coisa do Galo, Felipão ainda não venceu com o Palmeiras, Joel tira sangue do Fogão, assim como PC Gusmão do Vasco. Silas patina no Grêmio.

Enquanto isso, o Ceará segue firme, surpreendendo a todos.

Seria essa a nova ordem nacional? Vamos esperar um pouco, o segundo turno costuma ser traiçoeiro.

sábado, julho 24, 2010

Boa sorte, Mano!

Mas e o entorno?


Era Muricy, acabou sendo Mano.

Dois grandes treinadores, ambos em condições de aceitar o desafio.

Mas o que interessa é saber se a seleção brasileira vai mudar no seu íntimo, na sua gestão.

Se continuaremos vendo amistosos pouco atrativos, se haverá interferência ou determinação para convocação ou não de certos jogadores.

É emblemático que o treinador seja confirmado numa sexta tendo que convocar na segunda.

Outras questões que ficam abertas?

E a seleção olímpica? O treinador da principal poderia assumir esse compromisso também, até para ficar em atividade. Porque não deve ser nada bom para um técnico de futebol trabalhar só de vez em quando, como faz o treinador da seleção brasileira.

Quem será o diretor de seleções e da seleção?

Rodrigo Paiva, competente diretor de comunicação, estava ao lado do presidente da CBF na conversa com Muricy. Será ele o homem-forte?

Enfim, o tempo dirá.

Boa sorte a Mano Menezes. Com uma Copa América na Argentina logo de cara, ele vai precisar. Competência já mostrou ter.

quinta-feira, julho 22, 2010

A bola chama de

volta ao trabalho

A Copa já é passado, uma linda lembrança. Após alguns dias de folga com a família, é hora de voltar ao trabalho.

Domingo comento Ceará x Palmeiras, 18h30, em Fortaleza, pelo SporTV, tendo o prazer de reencontrar os amigos Jota Júnior e Marco Aurélio Souza e a equipe amiga do Ceará.

Quarta-feira o destino é Porto Alegre, para o primeiro duelo das semifinais da Libertadores, entre Inter e São Paulo, com Jota Júnior, Edgar Alencar e a equipe amiga do Sul.

terça-feira, julho 20, 2010

A coluna desta terça

no Diário de S.Paulo


Tricolor e Peixe em alerta

A pausa para a Copa do Mundo fez mal a São Paulo e Santos. O futebol eficiente e objetivo mostrado pelo Tricolor nos dias que antecederam o Mundial da África virou pó. Assim como o alegre virtuosismo dos meninos da Vila.
O caso são-paulino provoca maiores preocupações. Ricardo Gomes ainda não conseguiu dar sua cara ao time. Tanto que o bom momento vivido lá pelos idos de maio era, no fundo, no fundo, uma cópia do que o time fazia nos tempos de Muricy Ramalho. Defesa forte, baseada na trinca de beques, contra-ataque rápido, muito cruzamento para a área e um grande goleiro sustentando tudo isso.
Acontece que o rastro do trabalho de Muricy já é quase imperceptível. As sucessivas falhas cometidas pela zaga, coisa rara, comprometem a instabilidade do time. Persiste a falta de opções para o lado direito, ainda mais com a saída de Cicinho. Além do velho drama: a inexistência de um organizador pelo meio, função à qual Cléber Santana não se adapta.
Gomes tentou, mexeu daqui, dali, ensaiou um 4-4-2, mas fica a cada dia mais difícil encontrar seu DNA no Morumbi.
Já o Santos trocou o sorriso pela cara fechada. O que era um prazer dá a impressão de ter se transformado em estorvo. É óbvio que toda novidade depois de um tempo vira notícia antiga. Assim foi com o Peixe. Agora os adversários já sabem de cor e salteado duas teses que incomodam o time de Dorival Júnior. O Santos não gosta de ser atacado e tem ainda menos apreço por adversários que reduzem os espaços, marcam duro no meio e apostam num contra-ataque fatal.
Ainda há tempo para que tricolores e santistas se acertem antes dos duelos decisivos contra Internacional e Vitória, respectivamente pela semi da Libertadores e final da Copa do Brasil. Além de se posicionarem melhor na disputa do Brasileirão.
Mas ambos dão pinta de que fizeram mau uso do tempo em que a Jabulani rolou una terra do grande Nelson Mandela.


Nó tático

Felipão dá outro status ao Palmeiras, mas não é Sassá Mutema, o inesquecível personagem a que Lima Duarte deu vida na novela O Salvador da Pátria. Não basta um técnico vencedor para acabar com o ranço perdedor do atual time do Palmeiras.
Pelo Palestra passaram recentemente Luxemburgo, Muricy e agora Felipão. Três dos melhores técnicos do futebol atual. Mas continuam jogadores de pouca qualidade técnica, que se escondem nos momentos decisivos das partidas e se recusam a assumir posições de protagonismo.
Em termos mais futebolísticos e menos psicológicos, falta um bom primeiro volante que saiba jogar e não apenas fazer faltas, um atacante de velocidade, um zagueiro rápido na recuperação e um meia veloz.
Sem isso, nem se juntar no banco o maior time de catedráticos do futebol o Palmeiras sairá do atual momento meio de tabela.


Quem será nosso apito em 2014?

Além das dúvidas sobre estádios e aeroportos, uma outra aflige o futebol brasileiro para a Copa de 2014? Quem será o árbitro brasileiro em nossa segunda Copa? Com a saída de cena de Carlos Eugênio Simon, o cenário é nebuloso. Não há unanimidade entre os principias sopradores de apito nacionais. Também falta, no fundo, um apito que soe incontestável.


Muda o técnico, mas os amistosos...

Até o final da semana a seleção brasileira terá um novo treinador. Mas o esquema de amistosos dificilmente será alterado até a Copa de 2014. Os adversários, em sua maioria, serão equipes do segundo escalão mundial, com uma exceção aqui, outra acolá. Seguirá sendo o modelo comercial, e não o esportivo, a definir a agenda.

Os Manos aceitarão?

Líder invicto do Brasileirão, um time que perde pouco e tem chegado muito. Será que os Manos, o bando de loucos, enfim, os milhões de corintianos aceitarão passivamente uma eventual convocação de Mano Menezes para comandar a seleção brasileira com o time em céu de brigadeiro?

sexta-feira, julho 16, 2010

Tempo para reciclagem.

Antes, uma resposta.


Uns dias para ficar em casa, matar a saudade da família e não falar de futebol. Em breve volto ao batente e ao blog.

Mas para refletir em casa, deixo uma mensagem a um blogueiro que aqui postou dizendo que pendia sobre a minha cabeça o comentário na final da Copa em que dizia que o Iniesta estava mal e uma boa possibilidade era a saída dele para a entrada do Fernando Torres.

É fácil falar depois do acontecido, mas se alguém acha que o Iniesta jogou bem durante os 90 minutos até a saída do De Jong, viu outro jogo. Iniesta arrebentou na prorrogação, quando a Holanda tinha um homem a menos e De Jong havia saído. E Iniesta é craque.

Duvido que o blogueiro lembre que antes de a bola rolar eu disse que o jogador espanhol que mais havia crescido de produção na Copa era o Iniesta. É mais fácil ser cabotino e lembrar de das derrotas, nunca das vitórias.

Se eu quisesse ser cabotino, teria dito na transmissão que quem inicia a jogada do gol da Espanha é Fernando Torres, que cruza a bola para a área, até que ela seja rebatida e caia nos pés de Fábregas.

Mas não sou cabotino.

domingo, julho 11, 2010

África fez uma Copa campeã


Claro que houve problemas. Algumas cidades sem condição alguma, aeroportos precários, falta de rede hoteleira apropriada. Houve o caos nos aeroportos de Cape Town e Durban nos dias das semifinais.

Mas para mim, após 40 dias de África, posso afirmar tranquilamente que a nossa terra-mãe, o continente de onde todos nós viemos, fez uma bela Copa do Mundo. Belíssima!

A alegria com que essa gente sofrida, a maioria negra da população africana, recebeu a todos e celebrou a presença do maior evento esportivo do mundo em seu solo foi contagiante.

Até mesmo o mais fanático dos africâneres deixou um pouco seu amado rúgbi de lado para se render ao futebol.

É preciso lembrar que estamos no país mais rico do continente mais pobre do mundo. O que reforça o fato de estarmos no continente mais pobre.

Foi emocionante perceber como a África abraçou a Copa como se fosse dela, não apenas da porção outrora branca do continente negro.

Confesso que me doeu na alma o fato de a equipe sul-africana não ter passado para as oitavas, mesmo tendo jogado um futebol de bom nível contra México e França.

Hoje, na final, esse destino, sempre aprontado das dele, colocou a Holanda, a terra dos colonizadores boêres, que tanto oprimiram os negros sul-africanos, na decisão.

Juro a todo mundo que lê essas linhas que não ouvi uma palavra de vingança dos negros sul-africanos, um desejo de que a Espanha retribua com fúria, dentro de campo, tudo que eles sofreram.

Eu diria que o sorriso perene de Nelson Mandela, um dos maiores seres humanos que já caminharam por esse planeta, é a marca registrada de uma Copa que marcará para sempre.

sábado, julho 10, 2010

A melhor seleção do mundo



Independentemente de quem vencerá o duelo deste domingo no Soccer City, a melhor seleção do mundo na atualidade é a da Espanha. Ainda que perca para a Holanda, o time espanhol terá completado um período de bom futebol que vem desde a Eurocopa de 2008.

A Espanha é o time mais regular e fluente da bola planetária. Perdeu pouco no período e manteve o estilo de jogo, mesmo tendo mudado de técnico.

Desde o dia em que bateu a Alemanha por 1 a 0, em Viena, a Espanha vem lutando contra o desdém dos críticos e dos adversários, que jamais a viram como uma seleção grande. A falta de um título mundial, se ele não vier neste domingo, continuará contribuindo para esse julgamento.

Mas acho que nenhuma equipe foi tão regular e eficiente como esse conjunto espanhol nos últimos dois anos.

O toque de bola refinado, a segurança e o entrosamento são a cara da Fúria versão século 21. Não vejo time hoje no mundo que compartilhe do posicionamento perfeito demonstrado pela Espanha. Os jogadores se aproximam com grande facilidade, trocam passes como se estivessem de olhos fechados, sem se preocupar com distância.

Falta apenas a essa equipe espanhola o instinto definidor (não quero usar o termo matador), aquela visão do toureiro na hora de resolver a tourada. Talvez seja por conta da contusão de Torres, ou até mesmo pela personalidade da equipe, que gosta tanto da troca de passes que exagera na hora de dar o último toque.

A Holanda tem seus méritos, claro. Não perde há quase dois anos, fez uma Eliminatória impecável, tem ótimos jogadores, um candidato a craque da Copa, Sneijder. Mas não flui como a Espanha, é mais conservadora, menos arejada.

Por isso resolvi escrever isso. Ainda que dê Holanda, como não sou resultadista juramentado, a melhor seleção do mundo nessa época em que vivemos é a da Espanha.

quinta-feira, julho 08, 2010

O Oitavo Elemento


Domingo o futebol conhecerá um novo campeão mundial, que se juntará aos sete ganhadores históricos anteriores, Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, Uruguai, Françae Inglaterra.

Este oitavo elemento pode não trazer revoluções em termos de tática, nem um craque excepcional, mas tanto Holanda como Espanha, quem for o campeão, estará injetando ar fresco no jogo de bola.

No que se refere à visão geral dos sete países que já tinham conquistado a Copa, Holanda e Espanha sempre foram tratados com algum desdém. Principalmente por nós, brasileiros, sejamos jogadores, técnicos, torcedores ou jornalistas.

Quantas vezes nos pegamos chamando a Espanha de amarelona e a Holanda de time pequeno com panca de grande, eterno vice etc?

Ainda hoje vejo muitas opiniões que depreciam a campanha da Holanda e tentam chamar de casual a vitória sobre o Brasil nas quartas-de-final. Chegar a uma decisão de Copa vencendo todos os jogos não é pouca coisa. Assim como virar um jogo em cima do Brasil em um Mundial.

Fora isso, a Holanda mantém um saudável compromisso com um jogo de boa técnica, com atacantes que jogam como pontas em muitos momentos. Ato corajoso nesses tempos de cada vez mais competitividade no futebol.

A Espanha certamente é uma das seleções mais prejudicadas da história da Copa do Mundo. Em algumas ocasiões saiu prejudicada e o favorecido foi o Brasil. Ou a Itália, ou a Coréia do Sul.

Sempre sustentou uma aura de favoritismo que por duas vezes na história conseguiu justificar, nos títulos europeus de 1964 e 2008.

É um país de grande importância futebolística, pátria de duas multinacionais gigantescas do esporte, Real Madrid e Barcelona. Conta com uma geração rara de se formar. Também é louvável que mantenha um meio-campo absoultamente técnico, que consiga jogar trocando passes, sem apelar para chutões e afins.

Sobre o jogo de domingo, acho que a Espanha tem mais repertório, um número maior de jogadores que podem decidir o jogo.

Sobre a Holanda, escrevi uma citação do Brasil de 1994 que algumas pessoas não entenderam. Não falo de sistema de jogo, já que há grandes diferenças. É a ideia básica do time que abre mão de um histórico instinto ofensivo em prol de mais segurança, apostando em dois atletas que podem decidir: Robben e, principalmente, Sneijder.

A oitava cadeira dessa academia mundial da bola terá um ocupante digno no próximo domingo, em um estádio convenientemente chamado de Cidade do Futebol. Qualquer resultado será merecido.

quarta-feira, julho 07, 2010

Holanda com pinta

de Brasil de 1994


A Holanda é a primeira finalista da Copa da África. Venceu todos os seis jogos que fez na Copa. Mesmo assim , muita gente se recusa a reconhecer os méritos do time holandês.

Para mim, essa Holanda versão 2010 tem em sua proposta de jogo algo que remete ao time brasileiro campeão em 1994.

Não comparo os times e seus jogadores em termos táticos e individuais, mas em relação à postura. Essa Holanda abre mão de ofensividade e agressividade em prol de mais segurança em busca do resultado.

É uma equipe que opta por não imprimir um ritmo forte ao jogo. Pelo contrário. Cadencia, arrefece, em vez de incendiar, como sempre foi seu estilo.

As entrevistas dos jogadores holandeses deixam isso muito claro. Eles falam que em várias ocasiões o time holandês, historicamente, foi agressivo, jogou ofensivamente e não venceu a Copa do Mundo.

Há um certo exagero nisso, pois muitas seleções venceram jogando ofensivamente, mas sendo equilibradas.

Acho o time holandês bom, com alguns jogadores muito bons, um exclelente, Robben, e um craque, Sneijder.

Sneijder é aquele tipo de jogador que pega o jogo e põe embaixo do braço, praticamente obriga os outros 21 em campo a atuarem dentro do seu ritmo. Arma, lança, dribla, desarma e faz gols. Brasileiro chama de craque gente que não faz a metade disso, mas reluta em reconhecer esses méritos em um estrangeiro.

Contra o Uruguai, novamente, a Holanda não foi espetacular. Mas foi fatal e teve novamente Sneijder inspirado e um Robben mais ligado.

Acho que o segundo gol foi irregular, Van Persie estava impedido e interferiu na jogada, chamou aatenção do goleiro Muslera. No primeiro, não vejo como falta a ação de Van Bommel. Lugano, o bom zagueiro uruguaio que não jogou ontem, faz aquilo toda hora, por exemplo.

Resta agora saber quem enfrentará a Holanda. A velocidade do contra-ataque extremamente técnico danova geraçã alemã, ou o time de toque de bola preciso e envolvente da Espanha?

Quem me contará essa história serão os amigos Luiz Carlos Júnior e Lédio Carmona, na transmissão do SporTV.

segunda-feira, julho 05, 2010

Parreira e a Copa


Telefono para o Parreira, uma das melhores conversas sobre futebol que existem. Interrompo um jantar dele em Durban, mas, educadíssimo como ele é, me atende.

Seguem algumas das idéias do treinador da África do Sul em 2010 sobre a Copa africana.

Qual a cara da Copa?

"Nesse momento da competição, os times mais consistentes, melhores tecnicamente e mais organizados se impõem. Alemanha, Espanha, Holanda. Eles têm qualidade, bons jogadores experiência e juventude equilibrados"

Alemanha

"Almoçei com o Beckenbauer e ele disse que ninguém esperava que esse time alemão rendesse o que está rendendo. Há jogadores tarimbados e jovens da base que foram campeões europeus e não se assustaram pela importância da competição. Juventude com qualidade e personalidade. E a história alemã por trás"

Uruguai, Holanda...

"O Uruguai tem uma entrega maravilhosa, e uma dupla de ataque diferenciada, com Forlán, e Suáerez"

"A Holanda fez uma eliminatória maravilhosa. Tem pelo menos quatro jogadores de peso e muita qualidade técnica"

Surpresas e fracassos

"Certamente essa é a Copa que está apresentando o maior número de surpresas nos últimos tempos"

"Não é a primeira vez que grandes craques não conseguem jogar bem na Copa. Em 2002, a França era favorita e seus grandes jogadores chegaram esgotados, exauridos. Eles têm uma temporada desgastante nos clubes e chega a hora da maior competição, estão podres"

"Em 2006, Ronaldinho jogou até 17 de maio e se apresentou dia 22 para a seleção, ele não tinha reserva física e anímica. Messi estourou na Champions e agora está abaixo do que vinha jogando. Rooney também chegou ao auge na Champions. As equipes também não foram bem. Futebol se ganha em equipe, e os times não ajudaram os grandes jogadores"

sábado, julho 03, 2010

E a Alemanha, hein?

Quem diria que veríamos a Alemanha jogando como o Brasil dos bons tempos? Pois está tudo lá. Um time que toca bem a bola, que ataca com eficiência, que dribla, que tabela.

Nem sei se vai ganhar, mas essa Alemanha já merece o título de melhor time da Copa 2010. Deu pena da Argentina, foi encurralada, atropelada e goleada sem dó.

Mueller tem tudo para ser craque, assim como Oezil. Schweinzteiger, para mim, já é.

E Maradona prova que aquela máxima de que quem jogou bola sabe é uma grande besteira. Saber jogar é uma coisa, e Diego sabia demais.

Agora ver o jogo pelos olhos de um treinador é outra história.
O jogo da vida


Daqui a muito tempo eu vou sentar com minha mulher e meus filhos e contarei a eles do dia 2 de julho de 2010 em Joanesburgo, África do Sul.

Vou dizer que eu estava lá, que eu vi tudo.

Uruguai e Gana será durante muito tempo, e talvez até para sempre, meu jogo de futebol inesquecível.

Como disse meu amigo Milton Leite, nem o mais maluco roteirista de Hollywood imaginaria algo como o que aconteceu no Soccer City.

Um pênalti cometido no último segundo de jogo. Este pênalti perdido pelo melhor jogador do time, e uma decisão com a última penalidade cobrada de maneira genial (ou maluca) por um louco sensacional.

Este Gana e Uruguai é daqueles jogos que não acabam nunca. Este será jogado por décadas, está arquivado na memória deste e de milhões de fãs desse jogo de doidos, mas inigualável, chamado futebol.

A Fifa deveria dar uma medalha para todos os jogadores de Gana e Uruguai para homenageá-los por esse épico.

E que dizer de Luís Suarez? Seria ele a mão santa uruguaia? Porque recordemos que a falta é um recurso do jogo e ele foi punido como deve ser. Naquele momento ele cometeu um ato quase de desespero, que o transformaria em vilão, mas que segundos depois o projetou como herói do uruguai.

E que dizer de Gyan, talvez o melhor jogador de Gana? Estancou em minha memória a série de imagens dele chorando e se dirigindo ao torcedor de Gana quase que implorando por perdão.

Não há porque pedir perdão. Grandes jogadores perderam pênaltis. Ele certamente não dormirã por muitos dias, mas quando conseguir, terá a consciência dos que fizeram tudo que poderiam ter feito. Então dormirá tranquilo.

Mas também jamais esquecerá o 2 dejulho de 2010 no Soccer City.

sexta-feira, julho 02, 2010

Amor à camisa



É o que fizeram Uruguai e Gana. Sem precisar de discurso. Quem ama uma camisa não precisa ficar lembrando disso a toda hora. Apenas ama.
2006, versão 2010

Deu tudo no mesmo


O Brasil jogou um grande primeiro tempo e um segundo tempo ridículo. Perdeu para um bom time, com grandes jogadores. Só não admite isso quem é muito pacheco ou não entende nada de futebol. Dizer que o time da Holanda não tinha jogado bem e era fraco só pode ser brincadeira de mau gosto.

A verdade, infelizmente, é que quando o Brasil precisou do chamado plano B, ele não existia. Enquanto dá tudo certo, entram em campo os profetas do futebol de resultado, do que importa é ganhar e outras bravatas.

O Brasil tomou o gol de empate e se perdeu, psicologicamente naufragou. Aí o treinador olhou pro banco e viu quem para mudar o jogo? Alguém do seu exército de volantes que foram à Copa como gratidão pela Copa América? Quem era o jogador de meio-campo que poderia segurar a bola e acalmar o time? Júlio Batista?

Quantas vezes o Brasil inteiro alertou para o desequilíbrio emocional de Felipe Melo? Agora jogar tudo em cima dele é sacanagem. Quem o escala, vê o que está acontecendo em campo e não o tira do jogo, também deve ser responsabilizado.

Nunca o Brasil foi a uma Copa do Mundo com um meio-campo tão pouco criativo.

Elano fez muita falta? Claro que fez. Mas porque não havia no banco ninguém capaz de suprir essa ausência?

Lembremos da seleção de2006, tão atacada e criticada. Aquele grupo ganhou a Copa América, ganhou a Copa das Confederações e com toda a bagunça que foi na Alemanha, parou nas quartas-de-final. O aquartelado e raivoso time de Dunga fez exatamente a mesma campanha. Ganhou Copa América, Confederações e parou nas quartas-de-final.

É mais fácil procurar inimigos na mídia do que encontrar soluções técnicas e táticas. O torcedor, apaixonado e fiel, muitas vezes se deixa enganar por esse discurso pseudo-patriótico e presta menos atenção no que acontece em campo.

Claro que esse time teve méritos. Mas tinha seus defeitos. Quando se perde em lance de bola parada, todo mundo reclama, mas esquece quantas vezes o Brasil ganhou em lances de bola parada. Quando ganha é trabalho. Quando perde é azar?

Fica claro para mim que a lógica do futebol de resultados só se sustenta quando há, obviamente, o resultado. Continuo achando que o melhor é ganhar jogando bem, com consistência e talento. Ganhar na conta do chá, acreditando em apenas um método é muito arriscado.

Quando o jogo se ofereceu para o Brasil, o Brasil não soube ganhar. Quando se ofereceu para a Holanda, a Holanda ganhou. Um time que está invicto há dois anos merece mais respeito.

O desequilíbrio psicológico do Brasil no segundo tempo evidenciou que não havia assim tanta mentalidade vencedora.

E por fim: se falamos que Rooney e Cristiano Ronaldo foram decepcções, que dizer de Kaká em sua segunda Copa como titular? Eu esperava muito mais dele, assim como de Robinho.

Que venha 2014. Quem sabe com menos ódio no coração, menos vingança na alma e mais futebol dentro de campo.