terça-feira, fevereiro 15, 2011



 O último supercraque brasileiro


Reproduzo a coluna publicada nesta terça no Diário de S.Paulo 


Bons jogadores de futebol existem aos milhares. Craques, às centenas. Gênios? Talvez dezenas. Lendas? Um punhado. Pois o punhado ficará ainda mais restrito a partir desta segunda. Não tenho receio em afirmar que Ronaldo Fenômeno foi uma lenda do futebol que ainda está quente em nossa memória. Também cravo, sem receios, foi o último supercraque produzido pelo futebol brasileiro.

Ronaldinho Gaúcho teve tudo para chegar ao patamar fenomenal de seu xará, mas optou por um caminho exibicionista. Ronaldão preferiu ser decisivo, protagonista, enquanto o corpo e a cabeça suportaram. Não há excesso que apague as lições de seus inúmeros recomeços quando o senso comum dava sua carreira como encerrada.

Embora a torcida seja grande, será difícil que algum outro jogador brasileiro alcance os feitos do Fenômeno. Brasileiro e de qualquer nacionalidade. Na mesma geração, o francês Zidane foi tão genial quanto, guardadas as diferenças de suas posições. O elegante meia de origem argelina está inserido no panteão dos craques de todas as eras.

foto: Arquivo
Ronaldo Fenômeno comemora o segundo gol da seleção brasileira contra a Bélgica na Copa do Mundo de 2002, vencida pelo Brasil


No mundo, o candidato natural à sucessão do Fenômeno é o argentino Messi. Tem idade e talento para tanto. Falta a ele ser protagonista de duas Copas, como Ronaldo fez em 98 e 2002.

No Brasil, Ganso e Neymar aparecem como herdeiros, mas ainda estão em período de gestação.

Ronaldo Fenômeno levou quase 20 anos para escrever seu capítulo na história do futebol. O menino magrelo de 1993 para brigando com a balança em 2011. Mas seu peso não pode ser medido em quilos. Poucos foram tão perfeitos na arte de fazer gols. Seu carisma o blindou de repercussões negativas dos vacilos que a vida reserva a todos nós.

Um dado resume seu quilate: só uma pessoa fez mais gols que ele pela seleção: Pelé. Mas aí é covardia, porque, como diz o Pepe, Pelé é de outro planeta.

Vida eterna ao mito Ronaldo. Boa e longa vida ao cidadão Ronaldo Nazário.


Organizadas de novo
Aumentam a cada dia os relatos de pressões sofridas por torcedores comuns que partem dos chamados grupos organizados. Algumas manifestações de torcedores reclamando de dificuldades para comprar ingressos, falta de conforto, etc. são boicotadas por alguns grupos apadrinhados pelas direções de grandes clubes.


Mais um time-estado
A média de público do São Bernardo na Série A-1 do Paulista impressiona. Foram 11 mil pessoas contra a Ponte Preta. A prefeitura atua diretamente no time. Empresas instaladas no município também participam. Em que pese a sincera paixão dos torcedores, o envolvimento do estado com o futebol profissional precisa ser debatido.

Sem explicação
Chegam a ser constrangedoras as tentativas de dirigentes do São Paulo de justificar a escandalosa manobra política que possibilita a segunda reeleição de Juvenal Juvêncio. A oposição tricolor esperneia, mas Juvenal tomou o Conselho Deliberativo de assalto nos últimos anos. O São Paulo era mesmo diferente ou só disfarçava?

Nó tático

foto: Nelson Coelho/Diário SP/07-08-2010
Felipão ajeitou a defesa do Palmeiras

Felipão
Converse com um técnico de futebol um dia e, certamente, você ouvirá dele que um time começa a ser montado pela defesa. Felipão está fazendo isso no Palmeiras. Ele sabe que tem um elenco de opções e talento limitados. Até tentou montar um time mais solto, ofensivo, mas acabou esbarrando nessas limitações.

Então tomou o caminho que parece ser o de nove entre dez técnicos. Primeiro passou o cadeado no time. Tratou de perder pouco primeiro, para ganhar mais depois. Em todo o Paulistão de 2010, o Palmeiras somou 25 pontos e teve seis vitórias. Até agora, no de 2011, já tem 19 pontos e seis vitórias.

Claro que os confrontos contra equipes do mesmo peso, como o clássico diante do Corinthians, evidenciam as limitações. Mas é de se tirar o chapéu a evolução de posicionamento e postura tática do Verdão na temporada. O artilheiro Kleber, que foi mal em 2010, voltou a jogar bem e garante o bicho lá na frente.

Como o Paulistão não é o Brasileirão, o palmeirense pode acreditar numa real possibilidade de disputa de título. E na projeção, com reforços, de um campeonato nacional que, pelo menos, honre as tradições do clube.

2 comentários:

Ândi disse...

É que o Ronaldo, além do super talento e da inteligência incrível, tem um carisma de poucos. E para isso não há treino que dê jeito. Sabe-se lá quando vai aparecer outro com tantos adjetivos inatos.

WALTER disse...

Fabio Junior do América poderia ser a solução pro ataque do Palmeiras, se não tem dinheiro.....ele pode ser a resposta, mas será que os dirigentes tem medo de tentar alguém da posição? Se é cara não vem, se é inesperiente não interessa..... mas quem está fazendo gol, não fará mal algum......... por favor precisa-se de um matador urgente..... chegar na cara do gol e devolver a bola pro goleiro......isso dói, ver o Valdívia e Kleber criar e não tem quem empurre pra dentro. CORAGEM......TENTEM...... PARÉM DE SER OMISSOS......